Cânhamo, Cannabis, poesias sobre a planta na URSS

Após o término da Primeira Guerra Mundial, o autor russo Ivan Novikov lança um notável livro infantil de poemas em 1926, intitulado “Konopel Konopelka” (Cânhamo Cannabis). O tema central é a instrução do cultivo de cânhamo para as futuras gerações. Através da poesia, Novikov narra as inúmeras aplicações do cânhamo e ressalta os profundos vínculos culturais que planta mantém com a humanidade, além dos poemas, o livro também inclui canções relacionadas para a compreensão da relação entre a planta e a cultura ao longo das estações do ano 40.


Segue alguns poemas com tradução de André Nogueira – versão na integra disponivel no blog tradução literaria

1. DIAMBA NO BERÇO

A diamba criança

no berço descansa:

em suave repouso

no solo do chouso.

Os grãozinhos se enfileiram

como sob o travesseiro, –

repousando lado a lado

pelos sulcos do arado.

Quietinha em seu leito

a diamba se deita

e, como tenro cobertor,

a terra embala sua flor!

Mas o solo, por si só,

milagre não faz:

tem de amanhecer o sol

e o lavrador regando atrás!

___________________________

3. ALEGRE PRIMAVERA

A primavera é rápida assim:

um dia antes não havia

construído para si

tão verdejante moradia!

A primavera deixa alegre

as campinas e aldeias

onde quer que ela empregue

seus arroios e floreios.

Mas não chegou a obra ao ponto,

por mais bela que rebente…

Toma fôlego e desponta

a diamba adolescente.

Tão bonitos e verdes,

seus cachos crescem e crescem…

Mas a guardada sua flor, vede:

é ainda uma promessa.

_________________________________

21. POR TODA A PARTE A DIAMBA ESTÁ

Kátia foi ao monte

sem levar o seu rebanho,

olhou ao longe o horizonte…

Há algo estranho…

Derramando seu calor

por toda a terra e todo o mar,

o sol está para se pôr  –

e Kátia… pronta a navegar!

E onde houver terra

a diamba está,

e sarabamba se encerra

onde houver mar…

Só uma história, ou o futuro?

Assim, sem nenhum aviso

a aldeia inteira flutua

bem diante de nossos narizes!

E onde vemos Kátia,

na verdade, é uma sereia!

E no barco da pátria

está Greguinho, o marinheiro!

O mar com suas ondas se alegrou,

a vela se ergueu alto no mastro

e o barquinho, como um grou,

no horizonte se afasta…

E a terra toda redonda

floresceu como a diamba!

E a saudou o sol se pondo:

salve, salve, sarabamba!